quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Chalé Encantado na Quinta do Marim…



João Lúcio Pousão, Poeta e Advogado, nasceu em Olhão em 1880 e faleceu na mesma localidade, em 1918.
Como poeta, foi um dos mais relevantes em Olhão e no Algarve, tendo publicado quatro livros com a sua Obra. Para além de uma juventude cheia de publicações em jornais.
Para além de uma carreira brilhante como advogado, politicamente foi Monárquico convicto e orador fluente, chegou mesmo a ser Deputado franquista em 1906 e posteriormente Presidente da Câmara de Olhão.
Após o falecimento do seu filho varão, João Lúcio procurou um local isolado onde pudesse ter um maior isolamento espiritual.
Deste modo, em 1916 deu início à construção do chamado Chalé do Marim (hoje em dia), uma moradia escondida no pinhal da sua Quinta de Marim. Local rico em lendas seculares sobre encantamento de Mouras (apesar de não ter tido tempo de usufruir da mesma, devido ter falecido logo após a sua conclusão).
Trata-se de um edifício quadrangular, com três pisos, sem frente nem traseiras. É constituído por quatro entradas, cada uma com o seu significado e distribuídas pelos quatro pontos cardeais. 
A escadaria a Norte tem a forma de peixe, que significa a água; a escadaria a Sul com forma de guitarra, representa o fogo; a escadaria a Nascente, com forma de Violino significa o ar; e por fim a escadaria a Poente com forma de Serpente significa a Terra (está voltada para a Urbe de Olhão)
Cada sala interior apresenta determinada simbologia (expressa nos adornos) e corresponde ainda a um poema.
Pelo seu exoterismo, considera-se um exemplo máximo da arquitectura simbolista em Portugal (existe apenas mais um exemplar em Portugal, a Quinta da Regaleira em Sintra).
Localiza-se junto ao Parque de Campismo de Olhão, e actualmente serve de Ecoteca de Olhão. Conservam-se alguns objectos pessoais do poeta e documentação variada, em exposição e aberto ao público, para quem quiser conhecer mais.
Pela beleza arquitectónica e sua envolvente natural, vale a pena a visita.

O Chalé antes do seu restauro...

O Chalé antes do primeiro restauro














































domingo, 12 de outubro de 2014

Calçada Portuguesa




Já existe calçada desde os povos tribais (como superfície que servia para execução dos rituais religiosos e de poder) e a profissão de calceteiro é uma das mais antigas. Destas as mais conhecidas são as romanas, executadas por escravos. Devido à prática de reaproveitamento da pedra para novas construções, são poucos os exemplares de calçada antiga que chegam aos dias de hoje.
A Calçada Portuguesa é considerada arte ou artesanato, é realmente portuguesa e surgiu pela mão do Rei D. Manuel I por volta do ano 1500.
As primeiras ruas calcetadas surgiram em Lisboa, mais notavelmente na Rua Nova dos Mercadores, devido às Cartas Régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de Maio de 1500 assinadas por D. Manuel I.
A Calçada Portuguesa é uma arte que consiste no calcetamento com pedras de calcário e basalto (de formatos irregulares), de modo a formar padrões decorativos pelo contraste criado entre as pedras pretas e brancas.
O conceito da pavimentação encontra-se aliado ao valor do nacionalismo, que se expressa na busca do passado de signos, factos e mitos que se considerem marcos fundamentais da história de Portugal.
Deste modo, utilizam-se padrões tipicamente portugueses relacionados com atividades sócio-económicas: peixes, frutos, cereais, animais, artesanato e elementos sobre os Descobrimentos Marítimos (caravelas, sereias, cordas, conchas, ondas do mar, estrelas e esferas armilares).
Este tipo de calçada rapidamente se espalhou por todo o país, tendo apurado o sentido artístico, aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais.
Esta arte já ultrapassa fronteiras, sendo solicitado mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.