segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Festa das Chouriças em Querença

A Festa das Chouriças em Querença, em honra de S. Luís (protector dos animais) é considerada um dos mais importantes eventos gastronómicos que decorre anualmente no interior algarvio.
As origens desta festa remontam a uma época em que no interior algarvio as pessoas tinham como tradição criar o seu porco para sustento ao longo do ano, sendo igualmente tradição pedir a S. Luís  que conservasse em boas condições o seu animal, para garantir a alimentação do agregado familiar.  Em forma de gratidão, as famílias ofereciam ao santo protector as melhores chouriças caseiras.  Como tal, Janeiro é o tempo de glorificar o santo.
Na feira d'este ano, os visitantes puderam visualizar uma exposição alusiva à matança do porco "Tradições Serranas", para dar a conhecer um pouco desta tradição.
Desta festa faz ainda parte a procissão em honra ao santo padroeiro dos animais.
O povo é ainda convidado a degustar a chouriça assada, e assistir a um leilão de chouriças e ofertas no local do evento (com o objectivo de "glorificar" o santo). 
Visite!! 
































































segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Matança do Porco...Uma tradição cada vez mais rara!


A matança do porco é uma tradição cíclica e anual (executada normalmente nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, por serem meses frescos), exigindo um ritual constituído por várias etapas.
A população da serra algarvia vivia da agricultura de subsistência, da pastorícia, alimentando-se essencialmente do que a terra produzia. Quase toda a carne consumida era de suíno, embora também fosse tradição abater um galo pelo Entrudo, uma galinha em dia de festa, um borrego no final das ceifas…
O primeiro passo deste ritual era comprar um porquinho no início da Primavera. Depois era necessário chamar o capador para proceder à extracção das glândulas reprodutoras do animal, pois as hormonas sexuais podem interferir no sabor da carne e no desenvolvimento animal.
Depois, é o período de alimentação do animal com vista à engorda. Alimentava-se essencialmente de vegetais, fruta, cereais, farelos e bolota. Passados cerca de 8 meses, aproximava-se o dia de Festa aproximava-se: os convidados eram avisados com antecedência e todos os preparativos tinham de ser organizados. Para além da matança do porco, era o dia em que toda a família se reunia, falar de assuntos pendentes e até mesmo de negócios.
A dona de casa tinha trabalhos específicos: limpar toda a casa, cozer o pão, preparar as loiças, as roupas, a salgadeira, arear os tachos,…
Os homens preparavam a lenha, as alfaias, a palha de centeio para chamuscar (hoje em dia utiliza-se o maçarico), comprar sal, café, açúcar  e especiarias (colorau, pimentão, cominhos).
Logo pela manhã (muito cedo) começavam a chegar os convidados cheios de frio; servia-se o café da manhã, embora os homens optassem por um cálice de medronho e um bolo ou frutos secos. Um pequeno grupo de homens dirigia-se ao pocilgo, o dono atava a uma pata traseira uma corda e conduzia o animal ao local do sacrifício, onde a determinado momento era dada a voz do ataque. Todos se lançavam sobre o animal até o imobilizarem por completo, atando-lhe o focinho por prevenção. Colocavam-no sobre uma mesa tosca e o matador espetava uma longa faca no pescoço do animal, atingindo uma artéria de grosso calibre, sendo o sangue recolhido para um tacho de cobre, com vinagre para o sangue não coagular.
Em seguida, chamuscava-se a parte superficial da pele, retirava-se a pele do focinho e as unhas. Depois, é lavado e raspado até ficar de cor clara.
Era colocado novamente na mesa e aberto ao meio, através de uma incisão superficial desde a ponta do esterno percorrendo toda a linha branca até ao ânus. Fazem-se mais duas incisões de cada lado, na barriga, e era manejado com os dedos, conforme necessário, para depois chegar à pança, procedendo á completa abertura, ficando à vista os intestinos. Puxavam o bucho e o canal, retirando todas as vísceras para um alguidar. Depois retiravam as mantas (ou banha) das paredes laterais do abdómen.
Ao mesmo tempo, outro ajudante (convidado) fazia um corte desde o esterno (caixa) até à boca, com a ajuda de mais dois convidados que forçavam as patas dianteiras, permitindo o acesso aos bofes, coração, fígado (cachola) e o baço (passarinha). Retiravam ainda os presuntos, as espáduas (pás), as costeletas (aduelas), a mioleira, ficando apenas a espinha no interior, da qual estava alojada a medula (tutano). Esta é retirada, subdividida e colocada na salgadeira juntamente com as outras peças, nomeadamente os pezinhos, os presuntos que seriam cobertos de sal (pois na altura não existia electricidade, recorria-se à salgadeira.
As mulheres desmanchavam, ripavam e lavavam as tripas e preparavam as chouriças, fritavam a carne e faziam a banha e os torresmos.
Após tanta azáfama, chegava o esperado almoço, que reunia todos à mesa. Comia-se pratos típicos da matança: a moleja com cominhos, feita com o sangue do animal, a cachola e os bofes fritos; uma fritada de carne ou mesmo um guisado, tudo isto a acompanhar com um bom vinho caseiro. O convívio prolongava-se pela tarde fora, até à hora da despedida, acompanhada de um ou vários convites para as próximas matanças em casa do irmão, cunhado, primo,…
Devido ao despovoamento no interior e a alteração dos hábitos alimentares, esta é uma tradição que já se encontra em vias de extinção.



















segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Natal em Vila Real de Santo António

No dia 25 de Dezembro, visitámos o deslumbrante Presépio Gigante de Vila Real de Santo António, na companhia da harmoniosa iluminação natalícia desta cidade.
Situado no Centro Cultural António Aleixo em Vila Real de Santo António até 12 de Janeiro de 2014, trata-se de uma tradição que completa este ano o 10º aniversário de existência.
Com uma área de 200m2, é um dos maiores presépios do país, composto por uma estrutura em madeira de 200m2, com mais de 16 toneladas de areia e pó de pedra, 200Kg de cortiça, 100m2 de musgo, a construção de centenas de adereços e 4000 figuras que lhe dão vida através da mecanização.
Construído durante 40 dias por dois funcionários autárquicos, Augusto Rosa e Teresa Marques, com a colaboração de Joaquim Soares, Telmo Crispim e João Gomes, ao todo foram investidas mais de 1500 horas. Além da colecção pertencente à Autarquia Vila-realense, somam-se outras peças adquiridas pelos mentores ao longo dos anos, o que faz com que o presépio tenha cresça todos os anos na última década. A aquisição de novas figuras é feita na Feria del Belén em Sevilha realizada em Novembro, onde os organizadores marcam presença anualmente.
Para conquistar os visitantes, todos os anos é alterada a configuração do presépio, com os episódios cristãos e pagãos associados ao imaginário da quadra natalícia.
Já é uma referência internacional, a julgar pelos milhares de visitantes espanhóis que recebe todos os anos, para além dos portugueses.
Devido a este facto, ao visitar o Presépio Gigante, podemos divertirmo-nos a procurar  “El Caganer”, ou o Cagão. Trata-se de uma tradição catalã que remonta ao século XVII, que consiste num bonequinho que defeca colocado no presépio, próximo à cena do Menino Jesus, mas não tão próximo que possa ferir susceptibilidades cristãs, com o objectivo de adicionar o elemento hmano à santidade do Natal. O boneco original retrata um camponês com barrete vermelho…
As entradas têm um valor simbólico de cinquenta cêntimos, que reverterá a favor da Guadi – centro de animais (canil/gatil), associação intermunicipal que tem por finalidade a defesa de animais abandonados no concelho de VRSA e Castro Marim.

Encontra-se aberto todos os dias entre as 10h e as 13h e as 14h30 e as 19h...