A Pesca do Atum em Vila Real de Santo António
Na época do Marquês de Pombal (séc. XVIII, até à década de
70), o atum era capturado por toda a costa algarvia. Quando se encontrava no
Mediterrâneo, era denominado atum de direito e de recuado, quando passava pela
costa algarvia, era denominado por atum de revês.
A captura era efectuada através de almadravas, armações
fixas no fundo do mar e de grande complexidade, formando um labirinto de modo a
fazer chegar o atum ao “copo” e, com a ajuda de arpões eram colocados dentro
das embarcações (no mês de Maio e Junho para capturar o atum de direito e de
recuado, e nos meses restantes para capturar o atum de revés).
Após capturados, os atuns eram transportados para as
fábricas e colocados no chão para serem descabeçados. Quando eram muito
grandes, penduravam-nos numa estrutura presa ao tecto, formando um alinhamento
parecido com um arvoredo (por isso denominado de bosque).
Seguidamente, eram esquartejados, separando-se
posteriormente a ventresca e o tarantelo, do tronco. Estas eram ainda cortadas
em postas para serem cozidas em grandes tachos. Mais tarde, os tachos foram
substituídos por bacines, onde a cozedura era feita por serpentinas a vapor.
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Frota Piscatória, Homens que vão para o trabalho |
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Pesca do Atum |
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Frota Piscatória e antigo jardim |
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Cais de descarga da Fábrica S. Francisco |
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Cargueiro Ângelo Parodi e respectivo Cais |
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Descarga e controlo de peso do atum |
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Preparação da carga para transporte para a fábrica |
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Transporte do Atum do Cais para a Fábrica |
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Transporte do atum para a Fábrica |
A indústria conserveira de Vila Real de Santo António
surgiu após a fixação dos italianos na vila. Até este momento, as técnicas
utilizadas eram primitivas, sendo o atum e a sardinha exportados do Alarve
estivados em sal.
No início do séc. XX verificou-se uma progressiva expansão
da indústria em Vila Real de Santo António, sendo que em 1903 existiam oito fábricas.
Os donos eram na sua maioria de nacionalidade italiana. Por necessidade de
apoio a esta indústria, desenvolveram-se a litografia, o fabrico de chaves, a
carpintaria, a salga de peixe e a preparação de óleo.
O processo de fabrico era constituído por: o esquartejar do
atum, tirava-se a espinha dorsal, colocava-se em tinas para sangrar;
posteriormente era cozido e enlatado. Tratava-se de um trabalho incerto,
sazonal e nocturno.
Entre muitas, a Fábrica
de Santa Maria (de Ângelo Parodi) foi a primeira, fundada em 1879; surgiu
também a Fábrica de São Francisco (do
espanhol Francisco Rodrigues Tenório), a sua especialidade era atum em
escabeche; em 1881 o italiano Sebastião Migone fundou a sua fábrica (vendida a Ângelo
Parodi em 1886). A partir de 1884 surgiram outras fábricas, tal como a São Sebastião (fundada por Sebastião
Ramirez), a Esperança, a Peninsular e a Guadiana.
Entre 1943 e 1953, VRSA chegou a ter 21 fábricas. Nesta época,
os valores em atum e sardinha ultrapassavam várias centenas de toneladas. Esta
cidade era o centro mais importante em produção e exportação de atum.
A maioria das fábricas encerrou na década de 70, e as que
ficaram abertas acabaram por fechar. Em 2001 fechou a última fábrica de
conserva, a Comalpe.
Existe em Vila Real de Santo António uma exposição
permanente sobre a pesca de atum nesta época e respectiva indústria conserveira
(rótulos, latas da época e vários utensílios utilizados), no Arquivo Histórico Municipal. Aconselho
vivamente a visitar, pois possui um vasto património sobre esta época e as indústrias
conserveiras, que funcionaram outrora.
Fonte das fotografias: facebook do Sr. Zeca Romão
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Fábrica Parodi: descabeçar do atum |
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Processo de cozedura a vapor do atum |
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Fábrica Aliança |
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Fábrica do Grego |
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Fábrica Sales e Victoria |
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