sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A pesca do Atum e Indústrias Conserveiras de Vila Real de Santo António


A Pesca do Atum em Vila Real de Santo António
Na época do Marquês de Pombal (séc. XVIII, até à década de 70), o atum era capturado por toda a costa algarvia. Quando se encontrava no Mediterrâneo, era denominado atum de direito e de recuado, quando passava pela costa algarvia, era denominado por atum de revês.
A captura era efectuada através de almadravas, armações fixas no fundo do mar e de grande complexidade, formando um labirinto de modo a fazer chegar o atum ao “copo” e, com a ajuda de arpões eram colocados dentro das embarcações (no mês de Maio e Junho para capturar o atum de direito e de recuado, e nos meses restantes para capturar o atum de revés).
Após capturados, os atuns eram transportados para as fábricas e colocados no chão para serem descabeçados. Quando eram muito grandes, penduravam-nos numa estrutura presa ao tecto, formando um alinhamento parecido com um arvoredo (por isso denominado de bosque).
Seguidamente, eram esquartejados, separando-se posteriormente a ventresca e o tarantelo, do tronco. Estas eram ainda cortadas em postas para serem cozidas em grandes tachos. Mais tarde, os tachos foram substituídos por bacines, onde a cozedura era feita por serpentinas a vapor.
Frota Piscatória, Homens que vão para o trabalho
Pesca do Atum
Frota Piscatória e antigo jardim
Cais de descarga da Fábrica S. Francisco
Cargueiro Ângelo Parodi e respectivo Cais
Descarga e controlo de peso do atum
Preparação da carga para transporte para a fábrica
Transporte do Atum do Cais para a Fábrica
Transporte do atum para a Fábrica

A indústria conserveira de Vila Real de Santo António surgiu após a fixação dos italianos na vila. Até este momento, as técnicas utilizadas eram primitivas, sendo o atum e a sardinha exportados do Alarve estivados em sal.
No início do séc. XX verificou-se uma progressiva expansão da indústria em Vila Real de Santo António, sendo que em 1903 existiam oito fábricas. Os donos eram na sua maioria de nacionalidade italiana. Por necessidade de apoio a esta indústria, desenvolveram-se a litografia, o fabrico de chaves, a carpintaria, a salga de peixe e a preparação de óleo.
O processo de fabrico era constituído por: o esquartejar do atum, tirava-se a espinha dorsal, colocava-se em tinas para sangrar; posteriormente era cozido e enlatado. Tratava-se de um trabalho incerto, sazonal e nocturno.
Entre muitas, a Fábrica de Santa Maria (de Ângelo Parodi) foi a primeira, fundada em 1879; surgiu também a Fábrica de São Francisco (do espanhol Francisco Rodrigues Tenório), a sua especialidade era atum em escabeche; em 1881 o italiano Sebastião Migone fundou a sua fábrica (vendida a Ângelo Parodi em 1886). A partir de 1884 surgiram outras fábricas, tal como a São Sebastião (fundada por Sebastião Ramirez), a Esperança, a Peninsular e a Guadiana.
Entre 1943 e 1953, VRSA chegou a ter 21 fábricas. Nesta época, os valores em atum e sardinha ultrapassavam várias centenas de toneladas. Esta cidade era o centro mais importante em produção e exportação de atum.
A maioria das fábricas encerrou na década de 70, e as que ficaram abertas acabaram por fechar. Em 2001 fechou a última fábrica de conserva, a Comalpe.

Existe em Vila Real de Santo António uma exposição permanente sobre a pesca de atum nesta época e respectiva indústria conserveira (rótulos, latas da época e vários utensílios utilizados), no Arquivo Histórico Municipal. Aconselho vivamente a visitar, pois possui um vasto património sobre esta época e as indústrias conserveiras, que funcionaram outrora.

Fonte das fotografias: facebook do Sr. Zeca Romão
Fábrica Parodi: descabeçar do atum
Processo de cozedura a vapor do atum

Fábrica Aliança
Fábrica do Grego
Fábrica Sales e Victoria


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